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Hiperidrose – o excesso de produção de suor afecta rotina diária

A hiperidrose é um problema que afecta cerca de 1% da população mundial e é caracterizada pelo excesso de produção de suor.

Há uma relação entre a temperatura corporal e a produção do suor.

O controlo de uma e outra passam pelo sistema nervoso simpático, o mesmo que também ajusta o nosso organismo para suportar situações de perigo, esforço, stress, como a reacção de lutar ou fugir, accionando o metabolismo geral do corpo de forma automática, independentemente da nossa vontade.

Um funcionamento inapropriado do sistema nervoso simpático pode ainda originar um estado de hiperidrose, uma produção de suor excessiva e constante que, em alguns casos, compromete a qualidade de vida, pelas implicações sociais inerentes à situação.

Nestes casos extremos, o suor deixa de cumprir a função básica de regular a temperatura corporal.

Em situações de hiperidrose, a produção de suor é excessiva e desnecessária o que, com o passar do tempo, acaba por afectar psicologicamente o indivíduo.

Os especialistas definem vários critérios para que se possa considerar a existência de hiperidrose local. O indivíduo precisa de sofrer durante 6 meses e sem razão aparente de transpiração excessiva nas mãos, nos pés, nas axilas ou no rosto.

Deve ainda reunir dois dos fatores que se seguem: suor abundante de ambos os lados do corpo ou transpiração excessiva, pelo menos, uma vez por semana, mas não durante o sono.

O problema deverá ter surgido antes dos 25 anos e poderá haver antecedentes familiares.

É importante ter em atenção que existem 2 tipos de hiperidrose distintos:

Hiperidrose primária focal

Os primeiros sintomas aparecem, normalmente, na infância ou na adolescência, e ocorrem, principalmente, nas mãos; pés; axilas; rosto e cabeça.

Habitualmente, quem tem esta condição não transpira enquanto dorme, mas começa a suar assim que acorda. Este suor excessivo ocorre pelo menos 1 vez por semana e pode estar relacionado com factores genéticos, não estando associado a outras doenças ou a medicação.

Hiperidrose secundária generalizada

A transpiração excessiva deve-se a uma doença preexistente (por exemplo diabetes; obesidade; gota) ou é um efeito secundário de alguns medicamentos.

Os sintomas aparecem na idade adulta e em diversas zonas do corpo, podendo ocorrer durante o sono e várias vezes por semana.

Ambos os tipos de hiperidrose causam algum embaraço e ansiedade a quem tem este problema, uma vez que se sentem desconfortáveis por transpirarem excessivamente e por não poderem controlar a situação.

Esta transpiração excessiva manifesta-se geralmente na palma das mãos (hiperidrose palmar), axilas, face, virilhas e planta dos pés.

Os sintomas agravam com o calor e situações de stress e melhoram, podendo mesmo cessar, durante o período de repouso (sono) da pessoa.

Devido aos sintomas referidos, os portadores desta patologia apresentam frequentemente isolamento social, bem como algumas pequenas limitações no seu dia-a-dia, como por exemplo:

  • Evitam cumprimentar as pessoas, com o receio que sintam as mãos ou face sudoréticas;
  • Evitam escrever em papel, devido à grande probabilidade de o molharem com as mãos;
  • Evitam o uso de calçado aberto, como por exemplo sandálias ou chinelos;
  • Evitam conduzir devido ao risco de o volante se tornar escorregadio e perderem o controlo da condução;
  • Andam sempre com algumas mudas de roupa, para uso em SOS, pois mancham a roupa facilmente, principalmente na zona das axilas e meias.
Hiperidrose

A boa notícia é que existem tratamentos que permitem reduzir ou mesmo eliminar este desconforto:

Medicamentos sujeitos a receita médica – têm sido descritos resultados positivos com determinados medicamentos sujeitos a receita médica, contudo, atualmente, ainda não estão aprovados em Portugal medicamentos para tratar especificamente esta condição.

Antitranspirantes – esta é a primeira opção dos dermatologistas. É um método simples para controlar a transpiração, sendo apenas necessário aplicar diretamente nas zonas mais críticas. São, normalmente, à base de sais de alumínio e podem ser vendidos em roll-on; spray; pomada; loção; toalhitas; gel; etc.

Tratamentos médicos – por vezes, os métodos anteriores não são suficientes.

Nesses casos, os doentes recorrem a métodos como iontoforese (uso de corrente elétrica para “desligar” temporariamente as glândulas sudoríparas); injecção de toxina botulínica tipo A (bloqueia temporariamente a sudorese); ou mesmo cirurgia (interrupção da transmissão dos sinais nervosos que estimulam a sudorese em excesso).

desodorizantes antitranspirantes

Rótulos dos desodorizantes: sais de alumínio mais eficazes, mas irritantes

Os antitranspirantes à base de cloro-hidrato de alumínio ou sais de alumínio e zircónio são mais eficazes do que os desodorizantes, que apenas mascaram os odores. Os primeiros bloqueiam o suor e proporcionam uma sensação de pele seca.

Mas podem causar irritação em pessoas com pele sensível.

Alguns produtos incluem agentes antimicrobianos para eliminar as bactérias responsáveis pelo odor desagradável.

É preferível evitá-los ou mudar de marca com frequência, para não criar resistências. Estes produtos também podem ser irritantes. Geralmente, a higiene diária é suficiente para eliminar as bactérias.

Mesmo que um produto anuncie proteção durante 24 horas ou mais, remova-o todas as noites com água e sabão. Deixe a pele respirar. Antes de uma nova aplicação, limpe sempre a anterior.

Para peles sensíveis, prefira marcas sem álcool, sem alergénios (limoneno, geraniol, etc.) nem conservantes, como a tiazolinona ou compostos de ureia.

injecção para excesso de produção de suor

Soluções a longo prazo para a hiperidrose

A aplicação de Botox nas zonas problemáticas é uma solução eficaz, graças ao efeito paralisante da toxina, mas o seu efeito passa inevitavelmente ao fim de alguns meses e, sendo um procedimento oneroso e doloroso, torna-se demotivante a longo prazo.

Só recentemente a cura para a hiperidrose conheceu um conjunto de técnicas capazes de a resolver de forma definitiva, sem necessidade de repetição de tratamentos.

Quanto à cura para hiperidrose palmar, a melhor e mais definitiva solução consiste na interrupção da inervação responsável pelo excesso de suor.

Esta técnica é denominada de simpaticectomia torascoscópica, um procedimento simples, implicando apenas duas pequenas incisões na região axilar e que é conseguido com recurso à videoscopia.

A eficácia desta intervenção minimamente invasiva é extremamente elevada e permite uma rápida recuperação e regresso ao trabalho.

Entre os efeitos secundários desta intervenção há a destacar, principalmente, o desenvolvimento de hiperidrose compensatória, isto é, passar a transpirar mais de outros locais, como as costas e o peito.

Contudo, os riscos são efectivamente baixos.

Se sofre de hiperidrose e não encontrou ainda uma solução capaz de garantir a sua qualidade de vida, procure ajuda médica especializada para se informar sobre as opções terapêuticas.

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AVISO: Este artigo é meramente informativo, não temos capacidade para receitar nenhum tratamento médico nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Consulte o seu médico no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Fotos cedidas por Depositphotos.

Paulo Dias

Temos como objectivo abordar temas relacionados com tratamentos naturais.

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