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Mioma uterino: o que deve saber

Um mioma uterino (também designado por fibróide, leiomioma ou fibromioma) é um tumor benigno que cresce no tecido do útero.

Em Portugal, os miomas uterinos afectam entre 30 a 60% da população feminina em geral. Nas mulheres em idade reprodutiva a incidência desta doença situa-se entre 20 a 40%.

Estima-se que em Portugal cerca de 2 milhões de mulheres apresentem mioma.

O risco de uma mulher desenvolver mioma aumenta com a idade, história familiar, hábitos alimentares e com a obesidade.

Conforme a localização, os miomas podem ser intramurais, subserosos ou submucosos. Os intramurais, que crescem na parede do útero, são os mais comuns. Os submucosos localizam-se na camada de revestimento do útero, o endométrio, e tendem a provocar mais perdas de sangue.

Os subserosos crescem na parede exterior do útero.

Em muitos casos, o mioma pode passar despercebido sem causar sintomas. Em cerca de 30% das mulheres os miomas causam sintomas, como hemorragias uterinas anormais, menstruações muito abundantes e prolongadas, podendo originar anemia.

Estes tumores benignos ginecológicos no útero manifestam-se por dores inicialmente discretas que se vão intensificando ao longo do tempo. E não é só a dor que os torna desconfortáveis.

Os miomas provocam perdas sanguíneas, pressão pélvica, dores durante as relações sexuais, incontinência e infertilidade.

Muitas mulheres deixam de usar roupas claras ou curtas e até de ir à praia ou piscina devido às hemorragias abundantes.

Tipo de Miomas uterinos

– Submucoso -> cresce por baixo do endométrio

– Intracavitário -> cresce dentro da cavidade uterina.

– Intramural -> cresce no interior da parede uterina

– Subseroso -> cresce essencialmente na parte exterior do útero.

– Pedunculado -> cresce ligado ao útero por um pedículo.

Os miomas uterinos são das patologias femininas mais frequentes, afetando mais de 60% das mulheres. A maioria dos miomas são assintomáticos, não interferem com a sexualidade e não necessitam de tratamento.

MIOMA UTERINO – DIAGNOSTICO

O diagnóstico do mioma no útero é feito pelo médico ginecologista (especialista em Ginecologia) tendo por base o exame ginecológico e a ecografia.

No exame ginecológico é realizada a palpação (toque bimanual) que permite avaliar as características do útero. Assim, é possível identificar um útero aumentado de tamanho e de formato irregular devido aos miomas. Pode também ser possível detectar os miomas pela sua consistência que habitualmente é mais dura do que a do útero.

A ecografia transvaginal (através da vagina) é o exame de eleição para o diagnóstico. Sempre que necessário, habitualmente nos miomas de grandes dimensões, o exame pode ser complementado com a ecografia abdominal. O aspecto do mioma na ecografia é o de um nódulo arredondado, bem delimitado, diferente da restante estrutura do útero.

É possível identificar o número de miomas, o seu tamanho e a sua localização. Veja imagens de um útero com um mioma.

Existem outros exames que podem ser realizados em casos selecionados, como a histeroscopia. Este exame permite visualizar a cavidade do útero, através de uma câmara de pequenas dimensões. Pode ser particularmente útil no diagnóstico em casos de suspeita de miomas submucosos.

O diagnóstico definitivo é sempre obtido pelo estudo histológico. Ou seja, após a cirurgia em que é retirado o útero ou o mioma e é posteriormente avaliada a histopatologia dos tecidos (análise das células) é que é feito o diagnóstico definitivo.

Mioma uterino: o que deve saber

Quem tem Mioma uterino pode engravidar?

Sim, a mulher que tem um mioma uterino pode engravidar. Em alguns casos, o mioma tem uma localização e dimensões que não influencia o normal funcionamento do útero e não se associa a sintomas na mulher. Nestes casos, não parece que o mioma interfira na capacidade da mulher engravidar.

A patologia dos miomas uterinos tem-se tornado cada vez mais frequente nas mulheres em idade reprodutiva sendo ainda discutível o papel que alguns deles possam ter como causa de infertilidade.

Alguns tipos de miomas submucosos parecem ter um efeito negativo na ocorrência de gravidez, podendo estar indicado o tratamento cirúrgico (miomectomia por histeroscopia).

Os miomas intramurais, dependendo das suas dimensões e do seu número, podem interferir na capacidade de engravidar devendo haver nestes casos uma conduta individualizada.

Durante a gravidez, a maior parte dos miomas não sofre alteração. Quando ocorre crescimento do mioma, mais frequente até às 12 semanas, pode haver dor associada. Em relação ao feto (bebé), este não é afetado pela patologia miomatosa do útero exceto em casos de grandes miomas que destorcem toda a estrutura do útero. Nestes casos, a gestação pode estar associada a múltiplas complicações maternas e fetais.

Dor / Compressão pélvica

Algumas mulheres referem sintomas de pressão, dor pélvica ou ainda dor lombar, decorrente do número, localização e dimensão dos miomas.

A dor aguda pode resultar de:

• Torsão do pedículo e apresentar-se com um quadro de abdómen agudo.
• Expulsão cervical de mioma submucoso (contrações uterinas).
• Necrose assética com hipertermia (necrobiose)

A compressão de estruturas vizinhas pelas dimensões do Mioma uterino podem conduzir a:

Alterações urinárias – polaquiúria, incontinência urinária, nictúria, urgência miccional, dificuldade na micção por vezes com retenção, hidronefrose por compressão direta sobre os ureteres.
Alterações intestinais – obstipação e tenesmo.
Alterações venosas – a compressão das veias pélvicas pode ser responsável por
trombose e edema dos membros inferiores.
Alterações nervosas – ciatalgia e compressão do nervo obturador com dor na face
interna da coxa.

Fertilidade e saúde sexual

Quanto ao seu impacto na saúde sexual, os miomas sintomáticos são os que condicionam de forma significativa esta atividade. As perdas sanguíneas abundantes ou persistentes, muitas vezes associadas à dor abdominal (por vezes agravadas pela atividade sexual) são um fator limitante importante a uma vida sexual ativa e satisfatória.

Não obstante, os principais riscos ou complicações associados aos fibromiomas são a anemia grave – com necessidade de tratamento com ferro ou transfusão -, e a necessidade urgente de cirurgia.

Mioma uterino

Mioma uterino: tratamentos

O tratamento do mioma uterino depende de diversos factores, como a idade, estado geral de saúde, gravidade dos sintomas, antecedentes pessoais e localização. Se não houver qualquer manifestação de sintoma, a simples vigilância pode ser suficiente.

E se antigamente o tratamento mais comum era a histerectomia – remoção do útero, que torna a mulher infértil, hoje existem outras opções, nomeadamente tratamentos que podem incluir hormonas que ajudam a reduzir a dimensão antes da cirurgia.

No caso da cirurgia, o tumor benigno pode ser removido através do útero por histeroscopia, por laparoscopia (inserção de instrumentos cirúrgicos por pequenos orifícios no abdómen) ou por cirurgia aberta, no caso de miomas de maiores dimensões.

Neste último caso, as paredes do útero podem ficar enfraquecidas, tornando necessário o recurso a cesariana numa gravidez que ocorra posteriormente.

Mas é mais fácil hoje em dia remover o mioma e preservar o útero, principalmente em idade fértil, contudo há sempre a possibilidade de reincidência em cerca de 25% dos casos.

O tratamento médico pode utilizar fármacos hormonais ou não hormonais:

Os fármacos hormonais são constituídos por hormonas como os estrogénios e a progesterona, habitualmente conhecidos como pílula, e são frequentemente a primeira linha de tratamento nas mulheres com miomas e hemorragias uterinas.

A utilização da pílula com estroprogestativos pode melhorar as dores menstruais, as hemorragias associadas à menstruação e aumentar os valores de hemoglobina (nos casos de sintomas de anemia).

Em alguns casos, pode ser utilizada a pílula constituída apenas por progestativo (conhecida como pílula da amamentação), para controlo das hemorragias uterinas durante um período de tempo.

Pode estar indicado nas mulheres em que os sintomas não são muito intensos e que se aproximam da menopausa.

Os dispositivos intra-uterinos com progestativo na sua constituição podem estar indicados no tratamento das hemorragias uterinas se o útero não for demasiado volumoso e se não estiverem presentes miomas submucosos.

Os fármacos não hormonais incluem os anti-inflamatórios não esteroides (AINE), os venotrópicos e os antifibrinolíticos.

Não é tão consensual a sua eficácia no tratamento isolado, mas podem ser benéficos no controlo das hemorragias menstruais excessivas.

Tratamento inovador

Há uma nova opção terapêutica que está a dar que falar e a surpreender a comunidade médica e pacientes.

Com recurso a acetato de ulipristal sob a forma de comprimidos, administrados diariamente com a duração máxima de 3 meses por cada ciclo de tratamento, é possível até evitar a cirurgia.

Aliás, no estudo PEARL IV, no qual se aborda este tratamento e que envolveu 451 mulheres de 11 países europeus, foram evitadas 98% das histerectomias.

Neste momento, em Portugal, estão aprovados dois ciclos de tratamento de três meses cada.

A toma de acetato de ulipristal permite atuar de forma prolongada e contínua no tratamento dos sintomas causados por miomas uterinos, promovendo diminuição da hemorragia uterina, correcção da anemia e redução do volume do tumor, o que pode significar uma mudança na vida das pacientes.

É essencial que os rastreios ginecológicos se tornem um hábito, pois desta forma é possível fazer a detecção da maioria dos miomas uterinos, que podem interferir significativamente na qualidade de vida de uma mulher ativa.

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AVISO: Este artigo é meramente informativo, não temos capacidade para receitar nenhum tratamento médico nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Consulte o seu médico no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Fotos cedidas por Depositphotos.

Paulo Dias

Temos como objectivo abordar temas relacionados com tratamentos naturais.

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