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O odor vaginal é normal?

A vagina apresenta uma flora endógena muito própria, envolvida em pH ácido, que tem como objetivo a defesa e a manutenção da saúde vaginal e a diminuição da mesma favorece a colonização por microrganismos patogénicos (deletérios).

Os agentes de limpeza não têm a função de esterilizar a região, mas sim certificar a eliminação de resíduos, de secreções, não irritar nem secar, manter o pH ligeiramente ácido, ter ação refrescante e desodorizante.

A limpeza excessiva pode remover a camada lipídica protetora da pele e deplecção (diminuição) da flora, promovendo secura vulvar, prurido ou odor vaginal.

Atualmente, ainda existe grande dificuldade em falar sobre o odor vaginal.

Por ser um assunto socialmente pouco aceite, muitas mulheres padecem de infeções vaginais sem procurar ajuda.

Por essa razão, reunimos neste artigo o indispensável sobre este tema para que saiba quando o odor vaginal é normal, quando não é e quando deve consultar um médico.

Comichões, irritações, secura, desconfortos…

Qualquer mulher num momento da sua vida ficou incomodada com estes pequenos desconfortos íntimos.

O conforto íntimo descansa no bem-estar duma zona frágil, protegida por uma flora benéfica, a microbiota vaginal.

Composta por bactérias protetoras da mucosa vaginal, a flora é um ecossistema com equilíbrio frágil, o qual deve ser cuidado para evitar os desconfortos.

O desequilíbrio da flora vaginal, provocado por fatores internos ou externos, está na origem das infeções vaginais, sendo as mais habituais:

– Vaginose bacteriana – Corrimento acinzentado ou amarelado, com cheiro desagradável a “peixe”, ardor e vermelhidão local são os sintomas mais frequentes e ligeiros. Trata-se com antibióticos prescritos pelo médico.

– Candidíase vulvovaginal – Corrimento semelhante a leite coalhado, ardor e comichão na vagina e dor durante o ato sexual são as manifestações mais frequentes.

Gravidez, diabetes, sistema imunitário deprimido, menstruação, anticoncecionais com teor elevado de estrogénios e alguns antibióticos facilitam o seu aparecimento.

Pode transmitir ao parceiro pelo que ambos se devem tratar recorrendo a antifúngicos, na maioria tópicos.

Aconselham-se métodos contracetivos adicionais, caso use o preservativo ou o diafragma, uma vez que os mesmos podem ser danificados por estes tratamentos, perdendo a sua eficácia.

– Tricomoníase – Corrimento amarelo-esverdeado espumoso com odor desagradável e comichão. É também tratada com antibióticos.

A causa da vaginose e da candidíase não é, habitualmente, o contacto sexual.

No entanto, a candidíase é contagiosa para o parceiro sexual, daí que haja necessidade de tratamento não só para a mulher infetada, como também para o seu parceiro, caso este apresente sintomatologia.

A tricomoníase é transmitida unicamente por via sexual, sendo por isso necessário tratar o homem e a mulher, e usar preservativo nas relações sexuais enquanto houver infeção.

odor vaginal

Algumas regras de higiene para o seu conforto íntimo

  • Com o período menstrual, mude frequentemente de proteção.
  • Use roupa interior de algodão.
  • Evite limpezas íntimas excessivas (1 vez por dia no máximo) e/ou agressivas.
  • Utilize sabões com pH similar ao da flora vaginal, sem perfume e/ou específicos para a higiene íntima.
  • Não use roupas apertadas.
  • Evite os duches vaginais.
  • Evite usar a piscina, sauna, jacuzzi… muito frequentemente (calor e humidade favorecem a proliferação de bactérias e fungos patogénicos).
  • Se tomar antibióticos, tomar suplementos alimentares à base de probióticos adaptados à sua flora íntima.
odor vaginal sintomas

Como prevenir, higiene íntima

Algumas atitudes e medidas são uma boa forma de prevenção, permitindo diminuir a probabilidade da mulher contrair uma infeção.

A higiene íntima feminina deve ser realizada exclusivamente na região anogenital da mulher de forma a mantê-la sem humidade e sem resíduos.

Exceto nas situações em que é dada indicação pelo médico, não devem ser colocados produtos na região interna da vagina, devendo apenas ser lavado o monte púbico, os grandes e pequenos lábios da vulva e a região perianal.

De acordo com as suas características, os produtos de higiene íntima podem ser de limpeza, de proteção, de hidratação ou para facilitar as relações sexuais.

A higiene íntima deve ser efetuada com água corrente e com produtos de higiene (de preferência líquido, hipoalergénicos e pH ácido), com movimentos que evitem trazer o conteúdo perianal para a região vulvar, uma a três vezes por dia (dependendo do clima, peso da mulher e atividade física).

Não se aconselham as lavagens vaginais (duche vaginal) com água ou outros produtos.

Os “banhos de assento” só estão recomendados quando houver indicação médica.

A hidratação deve ser efetuada nas mulheres com pele seca, especialmente na menopausa, apenas nas regiões de pele.

Os hidratantes devem ser cremes vaginais ou gel de base aquosa e com pH ácido.

É desaconselhado o uso sistemático de penso higiénico e devem ser usadas roupas que possibilitem a ventilação local.

A mulher não deve utilizar qualquer tipo de remédios caseiros ou naturais, exceto as medidas anteriormente descritas, sob pena de poder acentuar o seu estado de saúde e dificultar um futuro diagnóstico pelo médico.

Para tomar qualquer tipo de medicação sempre de acordo com as indicações do seu Médico Ginecologista (especialista em doenças ginecológicas).

Calças apertadas podem provocar odor vaginal desagradável.

De um modo geral, o odor vaginal, quando indicativo de algo anormal, é facilmente tratável, mas pode ser um sinal de alerta muito importante para patologias eventualmente graves, pelo que devem ser aconselhadas pelo ginecologista assistente.

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AVISO: Este artigo é meramente informativo, não temos capacidade para receitar nenhum tratamento médico nem realizar nenhum tipo de diagnóstico. Consulte o seu médico no caso de apresentar qualquer tipo de condição ou mal-estar.

Fotos cedidas por Depositphotos.

Paulo Dias

Temos como objectivo abordar temas relacionados com tratamentos naturais.

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